quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Do Sul do Ceará ao Sul do ''BraZil"




Em agosto e setembro pude conhecer mesmo que de forma tímida algumas cidades do nosso Brasil, foram elas: Salvador – BA, Belo Horizonte – MG, e Crato – CE.  O que elas têm em comum?


Cidades de Juazeiro do Norte e Crato - C E
Crato uma cidade que fica na região sul do estado, lá ocorreu o 24º Encontro Estadual de Estudantes do Ceará – EEEGE onde discutimos uma questão que vai muito além dos muros da universidade e pisa no calo na ferida de muitos estudantes do curso, a questão do produtivismo acadêmicos onde muitos só pensam em produzir e produzir pra ter um Lattes bom e vasto, não nego que a produção acadêmica é importante para o indivíduo e pra sociedade, mas não é assim que meu colegas veem, nessa ânsia de produzir cada vez mais, acabam esquecendo levar essa produções pra sociedade, ora! Bastante lógico né não? Produz conhecimento pra ser compartilhado e logo depois melhorar a vida da sociedade e/ou comunidade que esta pesquisando. O que vejo é muitos dos meus colegas, isso não só na geografia, que usam as comunidades como laboratório, que só servem pra sua pesquisa, vai lá pesquisa e depois adeus. E outro fator é de nossos professores e estudantes dizendo: “Encontro de Estudantes não é nada, não é aula, não vale apena”. Mal sabem eles que existe muito mais entre o Movimento estudantil e a Academia do que um simples “artigo”. E o que falar da cidade do Crato? Cidade boa com gente boa e subidas nada “boas”, que ao passar do tempo vem sofrendo com as mazelas, será esse o preço que se paga pela urbanização da cidade?


Salvador, que tem em seu slogan: A primeira capital do Brasil, a capital que mais ao sul dentre todas as capitais no Nordeste. La ocorreu o 5º Encontro de Negros e Negras das UNE – ENUNE e foi sediado na Universidade Federal da Bahia – UFBA. Logo na entrada da cidade me deparo com os morros, todos eles ocupados, um choque pra mim já que minha visão e periferia e da cidade de Fortaleza onde a favelização se da mais de uma forma horizontal, o contraste urbano na capital Baiana é forte, prédios altos rodeados por casa simples, contraste entre os morros e os prédios, entre o estádio da Fonte Nova e ao fundo a periferia, sem falar do fluxo de pessoas capital e mercadorias que é intenso. E claro mesmo com suas belezas, seu povo acolhedor a cidade não se isenta das desigualdades sociais e violência. Uma observação sobre a UFBA, ela assim como a UECE está rodeada pela periferia, de um lado a periferia do outro um grande centro de eventos e um Hotel “5 estrelas”. Sobre  o ENUNE, o evento foi bastante rico, ora, juntar mais de 2 mil jovens negros de todo o Pais causa um fator de representatividade, e fator político na cidade.


Já estou do Sudeste do Pais, duros 2 dias de viagem passado pelo sertão nordeste Ceará, Pernambuco, Paraíba, Bahia e claro não tem como não ficar abismado com a beleza e imponência do Rio São Francisco, na chegada a Minas é notável a forte presença do rico poder do capitalismo no Estado. Belo horizonte diferente das cidades Nordestinas que tive o prazer de conhecer, seu povo é mais frio, (não sei se é por conta do clima que nas noites chegou a fazer 14º) mais centrados nas coisas que fazem, não pude conhecer muito a cidade já que estava meio ocupado como evento, a parte que pude conhecer da cidade foi a famosa Lagoa da Pampulha (lagoa pra pobre ver, e burguês usar) que não vi nada de mais, e na boa prefiro a lagoa de Messejana. Mas o que falar sobre “Beagá”? 3º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude, na atual conjuntura que o Brasil se encontra reunir 7 mil jovens é complicado e perigoso, mas tudo deu certo. Teve cultura, política, Lula, Letícia Sabbatela, Panteras Negras, Mc Carol, teve mulher, Gay, negro, negra, índio, teve o campo e a cidade tudo gritando em alto e bom som: FORA TEMER!. E o que vou lembrar de “Beagá”? A praça da estação sendo tomada por 10 mil pessoas.
Praça da Estação - Belo Horizonte - MG


E o que as cidades de Salvador, Crato e Belo Horizonte tem de comum?

“Beagá” e Salvador já são metrópoles consolidadas, a desigualdade social e os diversos tipos de violência estão a cada esquina. Crato por menor que seja já vem apresentado as mesmas características. E claro todas essas cidades o grito FORA TEMER é mais forte do que o fora Dilma.

Cada cidade que visito, tenho cada vez mais a certeza que: NÃO TROCO MINHA FORTALEZA POR NENHUMA OUTRA CIDADE.


Diego Costa Lima
Graduando em Geografia – UECE
Membro do GEMA  desde 2009

domingo, 18 de setembro de 2016

Ciclo dos Saberes: Vida e Morte do Centro - Praça General Tibúrcio



Um dia um tanto quanto memorável. Memorável, não! Terapêutico.
Diante desse vasto universo de meu Deus, em meio a encontros e muitos desencontros, descompassos, inconstâncias, pressas... Ainda há tempo para sentir. E muito mais que isso, aprender.
Eu, breve ser, matéria orgânica, sou alvo de bombardeios culturais e históricos de diversos lugares do mundo e hoje não poderia ter sido diferente!
Mesmo sendo conterrânea, não sabia dos feitos e efeitos da cidade de Fortaleza. Cidade essa ao qual tive a oportunidade de nascer e a honra de ser criada boa parte de minha existência nesse lugar repleto de vida. Falando em vida, descobri que a história faz parte de cada ser habitante do globo em que estamos, seja ele o mais bem sucedido humano da academia de algum curso renomado de algum país, ou seja ele o entregador de leite na porta da casa da sua avó nos anos 80. Ambos contém história. Agora, relevantes ou não, depende. Pra quem?
Em uma bela tarde aprendi muito sobre geografia, português, matemática, história, política, ditados populares e humanidade. Assuntos esses um tanto quanto importantes nos dias 5, 6 e 13 de novembro. Quando acorreram as provas do ENEM e da UECE, respectivamente. Assuntos esses que jamais poderia ter visto em sala de aula com a mesma sensação de contemplar monumentos feitos há tempos onde eu não era nem mesmo um embrião. Mais uma vez o mundo me mostra que se aprende fora de um cubículo. E que isso é incrível.
Conheci um pouco da história de minha cidade. Não sabia que havia tanta vida aqui. Vida essa que vem sendo morta por governos, prefeituras, cidadãos, por mim e por você pois, quando nos negamos ao menos a conhecer a história do lugar em que estamos, nos negamos sentí-lo. Consequentemente, o matamos. Já que em cima do que não sabemos, iremos construir uma outra vida sem base alguma na anterior. Ao fazermos isso, rompemos o ciclo da história e acabamos com milhares de anos num tocar de pálpebras. Ao conhecermos os porquês das coisas serem como conhecemos hoje, nos faz respeitar a vida, e mais ainda, honrar a morte.
Poder pisar em mais de 300 anos de vida que passou me fez sentir vivida. Pude ver dias que nem presenciei mas que ao sonhar com esses dias os vi incríveis e memoráveis. Eu assisti ao derramamento de sangue de preto por uma rua extensa.

Eu vi preto construindo igreja
Vi o padre dessa mesma igreja fechando as portas
Vi o poder executivo trabalhando
Vi o judiciário batendo ponto
Vi a sociedade eurocêntrica passeando
Vi bondinhos
Vi monumentos
Vi prédios que nem existem mais
Pude conhecer Rachel de Queiroz
Conheci general, coronéis, oligarquias poderosíssimas da época.
Assisti a apresentação da banda da cidade

Fizemos uma leitura em um coreto onde nossa plateia foram as árvores, onde esse mesmo coreto já serviu de banheiro público para aqueles que não tinham nem onde descansar a cabeça
Eu conheci a alta sociedade ao mesmo tem que via um homem livre sorrindo por está livre.
Eu estava lá, pessoalmente! Não na mesma época, mas no mesmo lugar.
Sentei no banco de uma praça onde moçoilas esperavam o teatro, belíssimo, abrir as portas para assistir aos espetáculos. Ao mesmo tempo, neste mesmo banco, um homem descansava seu corpo, por não ter uma cama para chamar de sua.
Eu vi a Cracolândia vida onde já foi um prostíbulo.
A feira do livro acontecendo enquanto leis eram decretadas no casarão ao lado.
Vi duas meninas brincando e pulando em cima das cinzas do general Tibúrcio. Vi a chegada de monumentos vindo de Paris para compôr a história dessa cidade.
Eu vi a pátria prestando honra a um homem, enquanto no barzinho do lado um outro homem cantava Pink Floyd questionando o sistema educacional.
Eu pude viver 300 anos em 3 horas.

Texto: Luana Albuquerque, membro do GEMA desde 2014.
10 de setembro de 2016 d. C
Humanos presentes: Fernando Marques; Henrique Gomes; Luana Albuquerque