domingo, 18 de setembro de 2016

Ciclo dos Saberes: Vida e Morte do Centro - Praça General Tibúrcio



Um dia um tanto quanto memorável. Memorável, não! Terapêutico.
Diante desse vasto universo de meu Deus, em meio a encontros e muitos desencontros, descompassos, inconstâncias, pressas... Ainda há tempo para sentir. E muito mais que isso, aprender.
Eu, breve ser, matéria orgânica, sou alvo de bombardeios culturais e históricos de diversos lugares do mundo e hoje não poderia ter sido diferente!
Mesmo sendo conterrânea, não sabia dos feitos e efeitos da cidade de Fortaleza. Cidade essa ao qual tive a oportunidade de nascer e a honra de ser criada boa parte de minha existência nesse lugar repleto de vida. Falando em vida, descobri que a história faz parte de cada ser habitante do globo em que estamos, seja ele o mais bem sucedido humano da academia de algum curso renomado de algum país, ou seja ele o entregador de leite na porta da casa da sua avó nos anos 80. Ambos contém história. Agora, relevantes ou não, depende. Pra quem?
Em uma bela tarde aprendi muito sobre geografia, português, matemática, história, política, ditados populares e humanidade. Assuntos esses um tanto quanto importantes nos dias 5, 6 e 13 de novembro. Quando acorreram as provas do ENEM e da UECE, respectivamente. Assuntos esses que jamais poderia ter visto em sala de aula com a mesma sensação de contemplar monumentos feitos há tempos onde eu não era nem mesmo um embrião. Mais uma vez o mundo me mostra que se aprende fora de um cubículo. E que isso é incrível.
Conheci um pouco da história de minha cidade. Não sabia que havia tanta vida aqui. Vida essa que vem sendo morta por governos, prefeituras, cidadãos, por mim e por você pois, quando nos negamos ao menos a conhecer a história do lugar em que estamos, nos negamos sentí-lo. Consequentemente, o matamos. Já que em cima do que não sabemos, iremos construir uma outra vida sem base alguma na anterior. Ao fazermos isso, rompemos o ciclo da história e acabamos com milhares de anos num tocar de pálpebras. Ao conhecermos os porquês das coisas serem como conhecemos hoje, nos faz respeitar a vida, e mais ainda, honrar a morte.
Poder pisar em mais de 300 anos de vida que passou me fez sentir vivida. Pude ver dias que nem presenciei mas que ao sonhar com esses dias os vi incríveis e memoráveis. Eu assisti ao derramamento de sangue de preto por uma rua extensa.

Eu vi preto construindo igreja
Vi o padre dessa mesma igreja fechando as portas
Vi o poder executivo trabalhando
Vi o judiciário batendo ponto
Vi a sociedade eurocêntrica passeando
Vi bondinhos
Vi monumentos
Vi prédios que nem existem mais
Pude conhecer Rachel de Queiroz
Conheci general, coronéis, oligarquias poderosíssimas da época.
Assisti a apresentação da banda da cidade

Fizemos uma leitura em um coreto onde nossa plateia foram as árvores, onde esse mesmo coreto já serviu de banheiro público para aqueles que não tinham nem onde descansar a cabeça
Eu conheci a alta sociedade ao mesmo tem que via um homem livre sorrindo por está livre.
Eu estava lá, pessoalmente! Não na mesma época, mas no mesmo lugar.
Sentei no banco de uma praça onde moçoilas esperavam o teatro, belíssimo, abrir as portas para assistir aos espetáculos. Ao mesmo tempo, neste mesmo banco, um homem descansava seu corpo, por não ter uma cama para chamar de sua.
Eu vi a Cracolândia vida onde já foi um prostíbulo.
A feira do livro acontecendo enquanto leis eram decretadas no casarão ao lado.
Vi duas meninas brincando e pulando em cima das cinzas do general Tibúrcio. Vi a chegada de monumentos vindo de Paris para compôr a história dessa cidade.
Eu vi a pátria prestando honra a um homem, enquanto no barzinho do lado um outro homem cantava Pink Floyd questionando o sistema educacional.
Eu pude viver 300 anos em 3 horas.

Texto: Luana Albuquerque, membro do GEMA desde 2014.
10 de setembro de 2016 d. C
Humanos presentes: Fernando Marques; Henrique Gomes; Luana Albuquerque

6 comentários:

  1. Belíssimas palavras. Obrigada pela honra de ser sua irmã

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  2. Que texto maravilhoso, Luana. <3 Pude sentir tudo o que você quis passar, principalmente a sensação maravilhosa de... aprender. ARRASOU

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  3. Eu semper acreditei em seu potencial.. Lindas palavras ��

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  4. Orgulhosa de você e desse grupo preocupado em manter a história é o meio ambiente vivos...
    Amo você sua linda😘😘😘😘😘

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  5. Orgulhosa de você e desse grupo preocupado em manter a história é o meio ambiente vivos...
    Amo você sua linda😘😘😘😘😘

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  6. Parabéns, Lu! Adorei suas palavras cheias de emoção!

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