domingo, 5 de outubro de 2014

Porto do Pecém, a convite do Henrique.

Convidado pelo professor Henrique Gomes, viajei para o Porto do Pecém, numa aula de campo do turno da noite. A primeira parada antes de chegarmos ao Porto foi na Barra do Ceará, onde pudemos descobrir – através dos excelentes professores – sobre o espaço onde estávamos. A Barra do Ceará é um ponto histórico no estado, foi lá que Pero Coelho iniciou a colonização do território. Socialmente falando, a Barra é bastante desvalorizada, há um enorme preconceito em torno do bairro. O que é algo totalmente equivocado, visto que é ponto histórico e além do mais, possui uma paisagem que pode ser considerada até mesmo mais bonita do que a da Beira Mar de Fortaleza.



Saindo da Barra, a segunda parada foi no Porto do Pecém, principal ponto de estudo da aula de campo. Pecém foi escolhida para ser feito o porto devido a sua condição geográfica, com menor tempo de trânsito entre Brasil, Estados Unidos e Europa. Demoram apenas 7 dias para as mercadorias saírem e chegarem. Não podendo sair do ônibus – devido ao fato de que todos precisariam de uma roupa especial – seguimos dentro dele a viagem pelo porto. O guia, Jackson, explicou como funcionam as coisas por lá. Imagine o Terminal da Parangaba, pronto. É isso, o Porto do Pecém funciona mais ou menos como um terminal de ônibus, só que ao invés de passageiros, os navios transportam mercadorias. Mercadorias estas vindas de vários cantos do mundo, como por exemplo, África, Estados Unidos e Alemanha. É também no Porto do Pecém que são feitos os procedimentos de Regaseificação de GNL (Gás Natural Liquefeito), ou LNG (Liquified Natural Gas).




O Terminal regaseifica 7 milhões de metros³ por dia, através de um navio metaneiro. Esse navio se utiliza de braços fixos e um sistema de tubulações e válvulas criogênicas, resistentes a até 162º C negativos. Esses equipamentos pegam o gás líquido que está no navio supridor e o transfere para o navio regaseificador, o qual faz todo o procedimento de regaseificação, transformando o gás líquido para o estado gasoso.

Durante o tour, consegui avistar de perto as hélices que formam os aerogeradores do parque eólico. E de longe, pude avistar o próprio parque eólico. De onde eu estava os aerogeradores pareciam tão pequenininhos. Já as hélices as quais eu via de perto, e veja bem, apenas as hélices, eram gigantescas. Imaginei quão grandes deveriam ser os aerogeradores como um todo.

(Hélices dos aerogeradores)


Após terminarmos o tour pelo Porto e irmos para a parte da praia, pudemos descer do ônibus e fomos para de baixo do píer, onde tivemos uma aula sobre os espigões. A paisagem da Beira Mar hoje é composta de espigões e mais espigões, os quais são feitos para desviar a água do mar para o centro e impedir que ele avance nos prédios – parte de uma desenfreada (e sem preocupação alguma com o meio ambiente) urbanização. O problema é que esses espigões sempre terão que continuar sendo construídos, uma vez que a água do mar sempre arranja uma forma de avançar, e aí tem de ser feito outro espigão. E depois outro. E outro. Se os espigões fossem construídos com colunas ao invés de pedras – que atrapalham o fluxo da água – não teria problema nenhum. Do modo como estão sendo construídos, provoca e aumenta a erosão marinha nas imediações próximas da localidade. Tudo isso acaba não só destruindo a bela paisagem litorânea, como também gerando algo como um “efeito dominó”.


Ao voltarmos para o ônibus, o diretor Otacílio adentrou o veículo minutos depois do restante e deu um discurso inesperado. “Galera, quero pedir que vocês saiam do ônibus agora e ajudem a empurrá-lo, porque ele quebrou”. Agora essa! O dia estava tão bom. Então eu estava lá: no meio do nada, com um ônibus quebrado, dor de cabeça e uma fome avassaladora que só aumentava, visto que já estava passando do horário de almoço. Saí do ônibus e os esforços para empurrá-lo eram em vão. Então escutamos um dos professores dizer que logo logo iria chegar outro ônibus. Os alunos voltaram para dentro e apenas alguns continuaram do lado de fora. Avistei o professor Henrique conversando com André e Diego, sentados em algumas pedras no topo do pequeno morro que se formava de frente para o mar. Me aproximei e sentei ao lado deles. Enquanto esperávamos pelo ônibus, dividimos experiências. Principalmente o professor Henrique, que nos revelou boas histórias. E que histórias! Enquanto isso, o diretor Otacílio fotografava um coqueiro, um pouco longe de nós, perto da orla da praia. Ele deve ter batido umas 100 fotos só daquele coqueiro. Deu tempo compartilharmos toda a nossa vida e ele ainda estava lá, fotografando o tal. Do meio para o fim da conversa, uma aluna da noite, Thalia, se aproximou e juntou-se ao nosso papo.



Depois de quase uma hora – que o motorista jurou que seriam apenas 5 minutos – chegou outro ônibus e nos transferimos para ele. Sentei ao lado de Thalia e conversamos mais um pouco, até chegar no restaurante de Pecém onde iríamos almoçar. Que cidadezinha mais linda! E o restaurante tinha um ambiente bastante agradável, o qual dava para se ver o mar. Após o almoço fomos para a Lagoa Cristalina. Todos desceram menos eu, que continuei no ônibus por algum tempo, devido à tremenda dor de cabeça que insistia em continuar. Me sentindo um pouco melhor, desci e fui para a lagoa onde os outros estavam. Que lugar maravilhoso. Eu não tinha levado roupa de banho e nem queria me despir na frente dos outros. Iria ficar por ali mesmo, só olhando. Porém, não aguentei e me joguei na água com toda a roupa que eu estava. Não queria nem saber. Não demorou muito para as brincadeiras começarem e entrei numa briga de galo com os alunos da noite. Passado algum tempo, Henrique nos chamou para ir embora e ao me ver saindo da água completamente encharcado perguntou: “tu trouxe outra roupa?”, e respondi com um sorrisinho enquanto balançava a cabeça negativamente: não.

De volta para o ônibus, Henrique deu as considerações finais e cada um teve de escolher uma palavra para definir aquele dia. Aprendizagem, divertido, interessante, inesquecível... Essas foram algumas. Ao final da tarde, voltando para a escola, percebi que apesar de ter sido um dia bem agradável, aprendi mais do que me diverti. Ao aceitar ir para a aula de campo, eu havia aceitado porque adoro viajar e conhecer novos lugares, não estava nem de longe visando se iria aprender algo. Não esperava que fosse aprender tanto. Realmente, foi uma experiência única.

Lucas de Paula


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